O mercado de veículos brasileiros é gigante. Segundo dados da Fenabrave só em 2019 foram quase 3 milhões de automóveis vendidos. Apesar do tamanho e da importância econômica esse é um segmento que ainda não sofreu uma grande transformação digital. O método para comprar um veículo continua muito parecido com o que era na década passada. A jornada do cliente sofreu pouca inovação, e talvez aí esteja a grande oportunidade desse segmento.
Em tempos que é possível abrir sua conta, investir, tomar empréstimo, escolher onde morar, e comprar quase tudo sem sair de casa, é fato que a experiência de consumo de um veículo está desconectada com essa nova realidade. Já existe muito avanço em demonstrar o produto online, mas a partir do momento que escolheu qual carro ou moto comprar será preciso recorrer a um processo presencial e mais burocrático que a média dos tempos atuais.
Pagar o veículo, emplacar e levar para casa, é um processo que leva em média 1 semana ou mais, deixando claro quão descolado da realidade está o processo no Brasil. Aqui vale a pena abrir um capítulo especial para o financiamento bancário, categoria de pagamento presente em 80% das compras de veículos no país, e que em 2019 movimentou mais de 200 bilhões de reais. Simular o seu crédito, submeter proposta ao banco, receber resposta de aprovação, assinar contrato, e aí sim partir para pagar o veículo, é uma atividade que quase sempre depende de muita intervenção humana. São cadastros e mais cadastros, ida e volta de documentos, tempos de resposta altos, muito preenchimento manual e quase sempre dependência completa do atendimento dos times de venda das concessionárias e lojas de usados.
E qual é a consequência prática disso? Vamos imaginar que você está em casa navegando pelo Instagram no domingo à tarde. Se depara com o anúncio de um carro que te chama atenção. Clica nesse anúncio. É direcionado para o Youtube e assiste um vídeo super bem produzido, que mostra em detalhes o produto. Aquele material desperta seu interesse. Chegou a hora então de entender quanto o veículo custa na loja mais perto de você, quais são as cores e versões disponíveis para pronta entrega, quais são as opções de pagamento possíveis para aquela transação. Quanto fica o seguro? E o emplacamento? Posso incluir no financiamento? E se meu financiamento não for aprovado? Há possibilidade de comprar via consórcio? Quanto fica? Em quais condições? Quase sempre nada disso estará à distância de um clique. Em especial para os produtos novos (0km) será preciso esperar a segunda-feira, para no horário comercial entrar em contato com algum vendedor da concessionária. Mas na segunda a semana começou, será que você vai ter tempo de lidar com essa pesquisa, ou vai ser envolvido na rotina corrida e deixará esse interesse esfriar? Porque não acesso um ambiente online no domingo, escolho a cor, versão, preço, simulo meu crédito, submeto proposta para o banco, recebo retorno de crédito, confirmo todos os detalhes de transação, para que na segunda um vendedor me retorne só combinando os possíveis próximos passos?
Esse é um processo que algumas startups e grandes empresas de tecnologia estão de olho. A Credere por exemplo está trabalhando junto aos principais bancos brasileiros para oferecer as concessionárias essa plataforma online de venda financiada, abrindo a chance do cliente se auto atender na maior parte do processo. A PO27 trabalha nos bastidores tentando automatizar o ciclo de formalização junto aos bancos e ao Detran. Sem falar na Volanty, Carflix, iCarros, Mercado Livre, OLX, que estão avançando muito na direção da transformação digital da compra e venda de veículos usados.
Outro ponto muito importante nesse choque de transformação que está por vir é o trabalho que os bancos brasileiros estão executando a todo vapor nas suas infra estruturadas. Itaú, Bradesco, Pan, BV, Santander, nos últimos semestres avançaram muito tornando suas plataformas mais abertas e modernas, já é possível por exemplo simular crédito, enviar proposta e assinar seu contrato de financiamento online na maioria deles.
Se pudesse fazer uma aposta de qual segmento ficar de olho nos próximos semestres não deixaria varejo de veículos de fora.
Artigo elaborado por Arthur Braga Nascimento CEO da BONUZ e Orlando Seabra CEO da Credere
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