Desenvolver uma startup na área de biotecnologia (as chamadas biotechs) é algo realmente muito difícil e que requer uma certa experiência quando se fala em fundraising. Neste momento é que o empreendedor sofre demais, considerando que para desenvolver algo realmente diferenciado nesta área precisa praticamente sempre de muito investimento para ter um certo progresso. A resposta não é simples, mas depois de estudar um pouco sobre alguns casos apresentados pela YCombinator resolvi enumerar aqui dois exemplos de sucesso considerando um captação baixa para o setor, considerando um budget de 0 a 200 mil dólares.
O primeiro caso é o da Gene Weave, que é a maior provedora de diagnose in Vitro. Hoje eles são autorizados pelo FDA para sua operação e foram adquiridos em 2015 pela Roche em valor de U$425M.
O que é legal no caso é que o formato de captação utilizado por eles foi no sentido de primeiro demonstrar que o processo de diagnose da empresa funcionava, assim foram captados inicialmente 75 mil dólares para a startup contratar um postdoc com o intuito de fazer o primeiro estudo de prova de conceito de acordo com a metodologia que seria desenvolvida. Depois disso, a empresa precisou captar mais investimentos de 150 e 300 mil dólares para realizar os experimentos que foram obtendo sucesso com o tempo que finalizou com um investimento seguro de Serie A em 12 milhões de dólares. O que é de diferente é que a startup focou em primeiro fazer estudos e demonstrar a todos que o produto funcionava do que antes gastar mais de 500 mil dólares para estar autorizada com o FDA.
Outro caso interessante é o da Arpeggio Bio, uma startup que tem como cliente hoje em dia a Novartis, e tem como produto principal o tratamento do câncer. Na startup, o fundador Joey Azofeifa, que é PhD e tinha experiência na área farmacêutica, desenvolveu um sistema que era capaz de avaliar os impactos dos elementos de um remédio de uma forma muito rápida, o que demorava muito tempo para uma farmacêutica. Essa solução era muito boa pela agilidade e por segurança para avaliar os efeitos de um medicamente no ser humano sem ter qualquer aplicação.
O primeiro cliente da Arpeggio foi um colega de Joey e o primeiro contrato não tinha absolutamente nada a ver com tecnologia, sendo apenas uma relação que a Arpeggio faria uma consultoria em cima dos componentes do medicamento que o cliente iria utilizar, aplicando apenas a tecnologia para analisar a reação dos genes. Essa estratégia levou a startup a um faturamento anual de 1 milhão de dólares. A ideia deles inicial era de vender o serviço como consultoria para ganhar mais credibilidade com investidores e captar os primeiros clientes.
De uma forma geral, não apenas se aplicando a área de biotecnologia, é possível desenvolver um projeto com pouco investimento, mas que seja utilizado de uma forma muito estratégica, sempre alinhando de forma paralela na área regulatória os prováveis impactos, dependendo do segmento.
Artigo elaborado por Arthur Braga, CEO da B.ONUZ.
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